18.7.06

USA TODAY


Ler jornal diariamente antes do surgimento do USA TODAY era uma tarefa quase monótona. Com reportagens inteligentes, muitas fotografias coloridas, matérias curtas e cheio de gráficos coloridos e explicativos, o USA TODAY tornou o ato de ler um jornal muito mais prazeroso e dinâmico, conquistando milhões de fãs, não somente nos Estados Unidos, como no resto do mundo. 

A história 
O jornal USA TODAY começou a surgir em 1980 na cidade de Cocoa Beach, estado da Flórida, sob o codinome de “Project NN”, dentro do Grupo Gannett, comandado por Allen “Al” Neuharth. O principal executivo do grupo apostou a carreira - e possivelmente o futuro da empresa - em sua visão de um jornal nacional, criado a partir do zero, apesar do ceticismo generalizado e da necessidade de sangrar recursos de outros jornais da empresa para bancar sua criação e lançamento. Após dois anos de pesquisas para entender o que os leitores desejavam, o que os anunciantes precisavam e o que a tecnologia permitiria, o jornal foi introduzido no mercado sob o nome de USA TODAY no dia 15 de setembro de 1982 na cidade de Baltimore/Washington, custando apenas 25 centavos de dólar e com uma equipe emprestada de outras publicações do Grupo Gannett.


Inicialmente o novo jornal sofreu muitas críticas e acusações de que não passava de uma compilação de manchetes e notas curtas: em resumo, uma TV no papel. Porém, a diferença entre o USA TODAY e o resto do setor foi evidente desde esse primeiro dia. Naquela data, a maioria dos grandes jornais trouxe reportagens de primeira página sobre o assassinato de Bashir Gemayel, presidente eleito do Líbano. No USA TODAY, o assassinato recebeu uma breve menção em um quadro de resumo de notícias na capa e um pequeno artigo na parte interna. Na metade superior da página estava a foto de um acidente aéreo na Espanha. Obedecendo à ordem de Neuharth de que o jornal se concentrasse nas boas notícias, a manchete dizia: “Milagre: 327 sobrevivem, 55 morrem”. Outra morte dominava a página - a da princesa Grace, de Mônaco, em um trágico acidente de carro. Ela apareceu em várias outras capas naquele dia, mas com menos destaque. Apesar das críticas, em menos de dois meses o USA TODAY já registrava tiragem diária de 362.879 cópias. Mas o jornal evoluiu muito, investido em reportagens sérias e extensas, contratando repórteres experientes e expandindo sucursais.


No dia 24 de abril de 1983 o jornal rompia a barreira de 1 milhão de cópias diárias. O USA TODAY rapidamente se estabeleceu no mercado, vendendo aproximadamente 1.3 milhões de cópias por dia ao final deste ano. No ano seguinte o jornal passou a ser impresso a cores em todas as suas seções. Ainda em meados desse ano a edição internacional foi introduzida no mercado. Esta primeira fase do jornal foi marcada pela tentativa de tornar as notícias acessíveis através do uso de muitas cores e linguagem coloquial. No ano de 1985 o preço passou para 50 centavos de dólar, e o jornal passou a conter 56 páginas e 8 edições internacionais, impressas via satélite em Singapura. Já em 1986, o USA TODAY passou a ser o segundo maior jornal do país com aproximadamente 4.8 milhões de leitores diários. Era um feito e tanto para um jornal tão jovem. No ano seguinte a circulação diária passou dos 1.5 milhões de unidades nos Estados Unidos e 40 mil no exterior. No dia 5 de setembro de 1997, o jornal bateu recorde de circulação, aproximadamente 3.251.000 de cópias com a cobertura do funeral da Princesa Diana. Quase um ano depois, no dia 1 de setembro de 1998, o site do jornal foi acessado por 92 milhões de usuários da internet. Somente no ano seguinte o jornal começou a permitir anúncios publicitários em sua capa, aumentando assim suas fontes de receitas. Em dezembro deste ano, o USA TODAY passou a ser o jornal de maior circulação nos Estados Unidos, com uma tiragem média de 1.76 milhões de exemplares, ou seja, 100 mil a mais do que o tradicional The Wall Street Journal.


Ao longo dos anos de 1980 e 1990, à medida que sua equipe ganhou experiência e aumentou, o jornal ficou mais sério. Washington e as grandes corporações começaram a vê-lo como uma força a ser enfrentada. Era o preço do sucesso. O novo milênio teve início com um novo design: tamanho diferente, nova editoração, nova fonte de escrita e melhoria nas seções de previsão do tempo e mercado financeiro. Vinte anos após a fundação, em 2002, o jornal americano USA TODAY havia se tornado uma marca de peso, presente em diferentes mídias, contando com uma equipe de 400 repórteres e editores, 20 sucursais domésticas e 4 estrangeiras, além do empreendimento ser lucrativo desde 1993.


Mas estes números não eram suficientes para assegurar a sobrevivência na era de fusões gigantescas tornando o USA TODAY uma marca nacional forte, não apenas no ramo impresso, mas também na internet e na TV. Por isso, investiu na produção de um programa televisivo, exibido em 21 canais da Gannett Company, em 15 estados americanos, e encorajou repórteres do jornal com promoções e aumento salariais a trabalhar em outros meios de comunicação da empresa. Ao completar 25 anos em 2007, o USA TODAY ainda se destacava por oferecer uma leitura mais leve e rápida que a da maioria de seus concorrentes. E, como temiam muitos jornalistas, o USA TODAY, já apelidado pejorativamente de “McPaper” (por seus artigos curtos, fotos grandes e devoção aos recursos gráficos), deixou uma marca nos jornais americanos em geral, levando muitos diários sisudos a publicar artigos menores, adotar cores, dedicar mais espaço aos esportes e usar mais fotografias e gráficos em suas reportagens.


Em 2012, ao completar seu 30º aniversário, o USA TODAY mais uma vez surpreendeu: através de uma enorme repaginação visual o jornal pretendia revigorar o valor da mídia impressa enquanto, ao mesmo tempo, produzia novos produtos digitais (que ganhariam mais coberturas em vídeo em tempo real, mapas interativos sobre o clima e análises e comentários mais ágeis), proporcionando aos leitores uma perspectiva única e um contexto relevante em uma imensa gama de assuntos, em todo tipo de mídia. Pouco depois, no dia 3 de dezembro de 2015, a Gannett lançou oficialmente o USA Today Network, um serviço nacional de recenseamento de notícias digital que fornece conteúdo compartilhado entre USA TODAY e os 92 jornais locais da empresa em todos os Estados Unidos, além de reunir serviços de publicidade em um alcance local e nacional. Além disso, o jornal direcionou seus esforços para ampliar a cobertura de conteúdos digitais e as novas plataformas tecnológicas.


A linha do tempo 
1984 
No dia 4 de julho o jornal passa a ser publicado à cores em todas as suas quatros seções; e pouco depois, no dia 27, o USA TODAY publica a edição com 48 páginas. 
Lançamento no dia 10 de julho da primeira edição internacional do USA TODAY. 
1985 
Publicação no dia 8 de abril da primeira seção bônus, conhecida atualmente como quinta seção (Fifth Section). Essa primeira seção, composta por 12 páginas, falava sobre a temporada de beisebol. 
No dia 26 de agosto o preço do jornal passa de 35 centavos para 50 centavos de dólar; e passa a ter 56 páginas no dia 7 de novembro. 
1990 
No dia 26 de janeiro o USA TODAY publica sua maior edição de todos os tempos: 84 páginas em 8 seções. 
1991 
Publicação de sua primeira e única edição especial de sábado, chamada de “Extra”, cobrindo a guerra do golfo no dia 19 de janeiro. 
Lançamento no dia 5 de abril do USA TODAY BASEBALL WEEKLY, um caderno esportivo sobre beisebol publicado todas as quartas-feiras. Posteriormente se tornou uma revista semanal de esportes americanos chamada USA TODAY SPORTS WEEKLY
1993 
No dia 28 de outubro o jornal publica pela primeira vez a lista de livros mais vendidos no país (Best-Selling Books List). 
1995 
Lançamento no dia 17 de abril do site usatoday.com
Inauguração de seu primeiro escritório no exterior localizado em Hong Kong. 
1998 
Acontece, no dia 20 de março, a primeira grande mudança na estrutura de suas seções: A seção LIFE é dividida em duas partes distintas às sextas-feiras, “Weekend Life” e “Destinations and Diversions”. Essas duas seções traziam assuntos relacionados ao fim de semana como opções de entretenimento e dicas de viagens. 
1999 
No dia 4 de outubro o jornal começou a publicar anúncios publicitários na primeira página. 
2000 
Lançamento do USA TODAY LIVE, braço televisivo do jornal que fornecia conteúdo para mais de 22 canais de televisão do Grupo Gannett. Era uma espécie de versão televisiva do famoso jornal, além de produzir documentários, fato que ocorreu a partir de 2005. 
2001 
No dia após o ataque terrorista ao World Trade Center, em 12 de setembro, o jornal bateu recorde de circulação com 3.638.600 cópias vendidas. 
2002 
Lançamento do site USA TODAY TRAVEL, fornecendo todas as informações e ferramentas para os turistas planejarem a própria viagem. 
Através de uma parceria com o The Weather Channel passa a fornecer a previsão do tempo em todos os meios de comunicação: jornal, internet e televisão. 
Estreia no dia 4 de setembro do USA TODAY SPORTS WEEKLY. A nova publicação, antes conhecida como Baseball Weekly, passa a cobrir também o futebol americano. 
2004 
O preço do jornal passa de 50 centavos para 75 centavos de dólar no dia 7 de setembro. 
2007 
Lançamento de dois livros que contavam a história de sucesso do USA TODAY, 25 Years of USA TODAY: The Stories That Shape Our Nation e The Making of McPaper: The Inside Story of How USA TODAY Made it. 
2008 
Inauguração, no mês de setembro, da primeira unidade da USA TODAY TRAVEL ZONE, loja que comercializa produtos para viajantes como livros, jornais e acessórios de viagens com a marca USA TODAY. A primeira unidade foi inaugurada no aeroporto Metropolitan Wayne County na cidade de Detroit. Atualmente a rede de lojas conta com poucas unidades, localizadas em grandes aeroportos americanos. 
2010 
Lançamento de um aplicativo para iPad.


Por que tanto sucesso? 
O USA TODAY, que causou prejuízos de aproximadamente US$ 1 bilhão nos primeiros dez anos, é hoje uma fonte de lucro, com circulação de 2.3 milhões de exemplares em dias úteis semanalmente - a maior dos Estados Unidos. O jornal foi criado para aproveitar um fato novo: a sociedade americana se tornava mais móvel, muito antes do surgimento da internet, dos telefones celulares e das conexões Wi-Fi. Foi projetado para atrair quem viajava a negócios - metade dos exemplares hoje em dia é distribuída em hotéis e aeroportos - e quem se mudou de uma região para outra dos Estados Unidos. O jornal oferece, a ambos os grupos, um produto sólido, fácil de ler, com algumas notícias da terra natal do leitor e uma perspectiva nacional das notícias não encontrada na maioria dos diários locais. O jornal também apresentou recursos voltados especialmente a esses grupos, como o mapa do tempo, colorido e ocupando uma página, imitado quase imediatamente pelos concorrentes, a cobertura esportiva abrangente e a reportagem agressiva sobre o setor aéreo. O estilo gráfico do jornal, seu público relativamente jovem e seu costume de encorajar a participação do leitor, anteciparam alguns aspectos da internet, embora ainda não saibamos se seu status de inovador popular continuará no futuro online.


Atualmente o jornal é dividido em apenas seis seções: 
NEWS (representada pela cor AZUL) Seção que traz notícias sobre os Estados Unidos e o mundo, política americana, fórum de discussão e previsão do tempo. 
MONEY (representada pela cor VERDE) Seção que traz notícias sobre economia, mercado financeiro, aposentadoria, carreiras profissionais, tecnologia e dicas de como aplicar melhor o dinheiro. 
SPORTS (representada pela cor VERMELHA) Seção que traz notícias e coberturas esportivas de futebol americano, beisebol, basquete, automobilismo americano, golfe, tênis e esportes universitários, além de contar com as mais completas estatísticas das principais ligas americanas profissionais. 
LIFE (representada pela cor ROXA) Seção que traz notícias sobre celebridades, entretenimento, televisão, música, literatura e artes. Esta seção, às sextas-feiras, é dividida em duas: Weekend Life (com opções de entretenimento como cinemas, filmes, programação da televisão, peças de teatros, entre outras atrações) e Destinations and Diversions (dicas para viagens, hotéis, restaurantes e vinhos, além de matérias sobre decoração e destinos interessantes para passar férias ou somente um fim de semana). 
TECH (representada pela cor LARANJA) Esta seção traz as últimas notícias da indústria da tecnologia, abordando assuntos como computadores, dispositivos móveis, eletrônicos, internet, mídias e ciências. 
TRAVEL (representada pela cor VERDE-AZULADA) Traz notícias e reportagens sobre turismo e viagens, oferecendo aos leitores informações e dicas de hotéis, companhias aéreas, museus, compras, gastronomia, roteiros, destinos turísticos e lugares pitorescos e paradisíacos.


A evolução visual 
A identidade visual da marca passou por apenas uma grande remodelação em sua história. Depois de assumir a cor azul-clara (antes era preta) na década de 1990, no mês de setembro de 2012, em uma atitude ousada para comemorar seu 30º aniversário o jornal apresentou sua nova identidade visual, aplicada em todas as suas plataformas de comunicação. O tradicional logotipo, um globo terrestre estilizado conhecido como “globe” e utilizado desde seu lançamento, foi substituído por um círculo azul ao lado no nome. O objetivo era reposicionar a publicação como uma marca de notícias ao invés de uma marca de jornal.


Além disso, o novo logotipo era extremamente flexível em sua aplicação: o círculo podia assumir várias cores de acordo com os padrões visuais das seções do jornal, representadas por cores distintas.


E não parou por aí. O logotipo também podia conter uma ilustração ou foto de acordo com o noticiário do dia, dando ainda mais dinamismo ao novo projeto gráfico.


Os slogans 
What America Wants. (2010) 
USA Today No.1 in the USA. 
USA Today Available Around The World. 
USA Today Your News - When You Want It. 
USA Today The Nation’s Newspaper. (1982)


Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Lançamento: 15 de setembro de 1982 
● Criador: Allen “Al” Neuharth 
● Sede mundial: McLean, Virginia, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: Gannett Company Inc. 
● Capital aberto: Não (subsidiária) 
● Presidente: John Zidich 
● Editor chefe: Joanne Lipman 
● Faturamento: Não divulgado 
● Lucro: Não divulgado 
● Circulação semanal: 2.3 milhões de cópias 
● Presença global: 75 países 
● Presença no Brasil: Não 
● Funcionários: 1.400 
● Segmento: Comunicação 
● Principais produtos: Jornais, revistas e conteúdo online 
● Concorrentes diretos: The New York Times, The Washington Post, The Wall Street Journal, Los Angeles Times e Newsday 
● Ícones: Seus gráficos coloridos 
● Slogan: What America Wants. 
● Website: www.usatoday.com 

A marca no mundo 
Atualmente o USA TODAY é um dos mais influentes jornais dos Estados Unidos, circulando em todos os 50 estados americanos, além de Porto Rico e Guam, com 2.3 milhões de cópias semanalmente (apenas na versão impressa), tendo mais de 7 milhões de leitores, duelando pelo posto de maior dos Estados Unidos. Para estar presente em quase todo o país, o USA TODAY é impresso em 37 localidades, muito mais que os outros jornais nacionais. A circulação internacional é superior a 15.000 cópias diárias, distribuídas em 75 países com impressão na Europa, Canadá e região da Ásia/Pacífico. Além do tradicional jornal, o grupo possui ainda a revista USA TODAY SPORTS WEEKLY, especializada em esportes universitários, futebol americano, beisebol, basquete e Nascar (categoria mais popular do automobilismo americano); USA TODAY MOBILE, serviço que oferece notícias e conteúdo para várias plataformas móveis, utilizado por mais de 25 milhões de usuários por mês; e o site, um dos mais acessados pelos internautas americanos (são mais de 102 milhões de visitantes únicos por mês). 

Você sabia? 
A maioria dos jornais depende intensamente dos anúncios de domingo, mas o USA TODAY não circula nos fins de semana. As assinaturas individuais correspondem à aproximadamente 30% das vendas do jornal. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand) e Wikipedia (informações devidamente checadas). 

Última atualização em 13/2/2018

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